segunda-feira, 11 de agosto de 2014

As atividades com nome próprio na Educação Infantil

As atividades com nome próprio na Educação Infantil

Chamada, leitura de listas, escrita e brincadeiras: explore todo o potencial dos nomes na alfabetização

As atividades com o sistema de escrita na Educação Infantil precisam ser diversificadas e oferecer novos desafios às crianças, potencializando seu aprendizado (abaixo, veja uma lista com oito atividades para turmas de 4 e 5 anos). Diana Grunfeld, especialista em didática da alfabetização e membro da equipe de coordenação da Rede Latino-americana de Alfabetização, explica que isso é essencial para que tanto o aspecto figural (forma e direção das letras) como o conceitual (combinação das letras) sejam desenvolvidos. Por essa razão, o trabalho deve variar entre situações de leitura e de escrita.
As primeiras são essenciais para ajudar as crianças a perceber semelhanças ediferenças entre os nomes, como quantidade e disposição das letras e sua relação com os sons. Com base nesse modelo estável, elas conseguem estabelecer comparações para tentar ler outras palavras. “Em contato com o nome próprio, as crianças notam a regularidade da forma dele e entendem que a escrita fixa a língua falada. Toda vez que elas reencontram seu nome, percebem que ele tem sempre as mesmas letras. Essaestabilidade do sistema é muito importante, porque é um ótimo campo de reflexão e aprendizagem”, diz Beatriz Gouveia.
As situações de escrita apresentam outros desafios aos pequenos, como a grafia das letras, uma por uma, até construir a palavra completa. Essa fase começa com a cópia do modelo com o nome, que fornece informações sobre a forma convencional das letras e a direcionalidade da escrita.
As crianças com deficiência também devem participar dos trabalhos com nome próprio. As atividades podem e devem ser adaptadas, exceto nos casos de deficiência muito grave. Se a criança tiver uma deficiência visual, por exemplo, as letras móveis precisam estar escritas em braile. Para saber mais, acesse o Guia de Flexibilização.

Oito atividades para as turmas de 4 e 5 anos

1. Apresentação dos nomes
Desenvolvimento
Depois de produzir os crachás com o nome das crianças, o professor deve apresentar um por um a toda a turma. Dessa forma, os pequenos passam a ter contato com a escrita convencional do nome delas e também do de seus colegas. Nesse dia, o docente também pode pedir às crianças para perguntar a seus pais por que eles escolheram esse nome e, em sala, compartilhar com os amigos.
O que as crianças aprendem?
Com as mesmas características gráficas (tamanho, cor, fonte e alinhamento), os cartões levam as crianças a prestar atenção apenas nas letras que os compõem, na quantidade delas e na ordem em que estão dispostas. Assim, elas desenvolvem critérios para reconhecer semelhanças e diferenças entre as palavras. A apresentação da história do nome também permite o desenvolvimento de uma discussão sobre identidade, na qual as crianças refletem sobre a função social dessa palavra.

Crianças reconhecem o nome dos colegas na EMEI Maria Alice Pasquarelli, em São José do Campos (Foto: Maristela Ribeiro da Silva)
A professora Maristela Ribeiro da Silva organizou no início do ano um conjunto de atividades para realizar com sua turma de 4 anos na EMEI Maria Alice Pasquarelli, em São José dos Campos, a 94 quilômetros de São Paulo. “Planejei atividades nas quais o mote era fazer com que as crianças passassem a reconhecer e produzir o próprio nome e, depois, o nome dos colegas”, diz Maristela.
O trabalho começou com a produção de crachás com o nome das crianças, que são usados em diversas situações. Uma delas é a chamada, que é feita de maneira diferente a cada dia. Uma das formas, por exemplo, é pedir que os pequenos procurem o seu cartão no meio da roda quando chamados. Os crachás que sobram ajudam a turma a produzir uma lista dos colegas que estão ausentes no dia. O cartão pode ter também utilidade nas atividades de escrita: as crianças que ainda não sabem grafar a palavra utilizam a ficha como modelo.
Em outras situações, Maristela estimula os alunos a identificar a letra inicial dos nomes. “Em uma lista, coloquei os nomes em ordem alfabética e perguntei aos pequenos com qual letra começava o primeiro da lista. Aos poucos, eles começaram a identificar que era a letra A, de Ana, e assim por diante”, diz. Com essa atividade, a professora tinha o objetivo de fazê-los refletir sobre a importância da letra inicial para a ordenação dos nomes.
Maristela pretende que, ao final do semestre, todos os alunos saibam escrever o próprio nome e também o dos colegas. Mesmo assim, essas palavras não desaparecerão da rotina em sala de aula, uma vez que os pequenos continuarão identificando seus trabalhos e utilizando os nomes como referência para ler ou escrever novas palavras.
Uma das atividades que a professora já realiza com esse objetivo é a produção de uma lista dos brinquedos trazidos pela turma para a escola. “Eu pergunto às crianças como é que se escreve carrinho. ‘É com o CA da Carol’, elas respondem e escrevo na lousa. Em seguida pergunto qual é a primeira letra desse nome. ‘É com C’, falam”, conta Maristela. Dessa forma, as crianças começam a utilizar em diferentes contextos o que já aprenderam sobre o sistema de escrita. “Isso vai ajudando-as a observar que o nome não é um todo apenas, mas é composto de diferentes partes que também existem em outras palavras”, explica Andréa Luize, coordenadora do Núcleo de Práticas da Linguagem da Escola da Vila, em São Paulo.

Sala de aula alfabetizadora

Diferentemente do que se pensa, a escola não é a porta de entrada para o aprendizado do sistema de escrita. Em casa e em outros ambientes, as crianças ficam expostas desde muito cedo a diversas práticas de leitura e escrita, como bilhetes, correspondências, canções e histórias. Até mesmo os pais chegam a ensinar os filhos algumas letras do alfabeto, principalmente as do nome dele.
No entanto, é na escola que todo esse conhecimento é organizado e o processo de aquisição da escrita é feito de forma sistemática e significativa.
Para que esse trabalho seja efetivo, o professor deve propor situações que levem as crianças a ler e escrever diariamente. Então, se a chamada da turma é feita todos os dias, por que não expor uma lista com o nome de todos os pequenos na parede da sala e recorrer a ela sempre que necessário? Dessa forma, além de ser uma referência a qualquer momento, os nomes ficam à disposição do professor para planejar diferentes atividades.
Abaixo, veja um infográfico com os principais elementos que devem estar presentes em uma sala de Educação Infantil para que nesse ambiente a aprendizagem de leitura e escrita ganhe sentido.
Como alfabetizar com nome próprio? Nesses dois vídeos do Programa de Formação de Professores Alfabetizadores (Profa), do Ministério da Educação, professoras realizam atividades e comentam suas intervenções.
Infográfico Ambiente Alfabetizador
(Infografia: Jacqueline Hamine / Foto: André Menezes / Consultoria: Leninha Ruiz, formadora de professores)


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