quinta-feira, 15 de junho de 2017
Um poema polêmico
Como assim?
Voltamos à barbárie e queimaremos livros?
Como dizer apenas que "reviverá o trauma sofrido" "banalizará a situação"...
É cientificamente provado que as tertúlias dialógicas podem fazer o leitor se colocar, e até, se posicionar diante daquilo que o incomoda intimamente!!!
Absurda , pra mim < a simples proibição sem ao menos pensar que o texto é a realidade de uma época, uma sociedade, uma região do planeta!
Lamentável!
Liana
segunda-feira, 12 de junho de 2017
mostra de trabalho, uma beleza de relato,Jaqueline!
"
EDWARDS, Carolyn, GANDINI, Lella & FORMAN,
George. As cem linguagens da criança. A abordagem de Reggio Emilia na
educação da primeira infância. Porto Alegre: Artmed, 1999. "
Parabéns Jaqueline!
UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
CENTRO
DE EDUCAÇÃO E HUMANIDADES
FACULDADE DE EDUCAÇÃO
Aluna:
Jaqueline de Oliveira Paiva
Polo:
Nova Iguaçu
Matricula:
14212080133
2016.2
Resumo
O objetivo deste
relato é narrar uma experiência pedagógica em uma escola localizada em uma comunidade
carente do município do Rio de Janeiro, considerada bem-sucedida tendo em vista
a satisfação dos profissionais envolvidos, das crianças e da comunidade,
causando um bem-estar coletivo decorrente do aumento da autoestima e
valorização dos saberes e da cultura locais. A criação de escolas dentro de
comunidades pode ser entendida por alguns como uma política de segregação das
pessoas menos favorecidas social e economicamente no âmbito em que residem,
privando-as da convivência em outros espaços, dificultando sua inserção na
sociedade como um todo. Muitas vezes as comunidades não têm vez, nem voz. Inconformado
com essa situação, o grupo de profissionais desta escola atuaram procurando
colocar a escola em evidência, através da participação da escola em todos os
eventos promovidos pela Secretaria de Educação, valorizando as qualidades das
crianças e das pessoas da comunidade, suas produções e talentos.
A EXPERIÊNCIA
Entre
os anos de 2005 e 2007, a Escola Municipal Fundação Leão XIII, localizada na
comunidade São Carlos, no bairro do Estácio, vivenciou um momento de
transformações na forma como se via e como era vista no cenário educacional no
âmbito da rede municipal de ensino do Rio de Janeiro.
O grupo
de professores que compunham o corpo docente da escola, juntamente com a
Coordenadora Pedagógica, acabara de chegar à escola. A Diretora, a Diretora
Adjunta, as serventes e as merendeiras, porém, eram pessoas que há muito tempo
trabalhavam na escola. A grande maioria, inclusive, era na ocasião, ou havia
sido, no passado, moradora da comunidade, o que favorecia um relacionamento
próximo e afetuoso com o espaço e as pessoas da comunidade.
A
escola em questão era uma escola pequena, com apenas quatro salas de aula, uma
cozinha, uma secretaria, três banheiros (sendo um para os funcionários e dois
para as crianças), uma sala de leitura e um refeitório. Estes dois últimos ambientes
eram adaptados. O refeitório consistia em bancos dispostos num corredor, com
mesas dobráveis encostadas nas paredes.
A
estrutura física precária e insuficiente, no entanto, não impediu que experiências
incríveis acontecessem e que transformações se operassem como será narrado nas
páginas que seguem.
A
comunidade tinha um ar que remetia a um pequeno povoado do interior, salvo,
lógico, pelas questões de violência que eram muito presentes. As pessoas se
conheciam, se cumprimentavam. As crianças eram especialmente incríveis. Parecia
que se vivia num outro tempo, onde as professoras eram queridas, amadas e
respeitadas.
Não
obstante os problemas do entorno e da própria escola em si, ali foi
desenvolvido um lindo trabalho pedagógico que promoveu uma elevação da autoestima
de toda uma comunidade, que passou a orgulhar-se da escola de seu bairro.
Foi o
trabalho alegre, rico e comprometido dos profissionais da escola tornou tudo
isso possível.
Tudo
teve início com a proximidade da Copa do Mundo, anunciando a promessa de uma grande
festa entre as nações. A ideia era incentivar, desenvolver e ampliar
sentimentos de solidariedade, espírito de coletividade, respeito ao próximo e
união do grupo.
O
cenário das ruas dava a impressão de que poucas pessoas estavam envolvidas com
o evento, pois poucos eram os logradouros enfeitados com as tradicionais
pinturas e bandeirinhas. O futebol - a paixão nacional - logo tomaria conta do
país, das nossas vidas e das nossas crianças e, por isso, diante da
impossibilidade de ignorá-lo, deveria se tornar tema de trabalho. A
Coordenadora Pedagógica da escola preocupava-se com a forma como o assunto
seria trabalhado, pois não poderia ser apenas uma repetição do que se veria na
mídia. Não se poderia abdicar do tema. Era necessário, contudo, trazer algo
novo e significativo, que deixasse um legado pessoal e social para os
envolvidos, em especial para a comunidade.
A
experiência se desenvolveu na forma de projeto de trabalho, perspectiva
teórico-metodológica que consiste num trabalho genuinamente coletivo, onde
professor e alunos contribuem e tomam decisões durante o todo o processo. Nessa
metodologia de trabalho, consideram-se os interesses, as dúvidas, as
curiosidades, desenvolvendo o trabalho de modo interdisciplinar.
Nesse
diapasão, preconizam Hernández e Ventura (1998), da Escola Fabra, na Espanha:
“A organização dos Projetos de Trabalho se baseia fundamentalmente numa
concepção da globalização entendida como um processo muito mais interno do que
externo, no qual as relações entre conteúdos e áreas de conhecimento têm lugar
em função das necessidades que trazem consigo o fato de resolver uma série de
problemas que subjazem na aprendizagem.” (p.63)
Os
professores, em sua maioria, recém-chegados à escola e a comunidade,
demonstraram desconhecer essa forma de trabalho. Assim, a Coordenação
Pedagógica promoveu uma formação em prática dos professores.
De
imediato, uma das professoras do grupo relatou sua dificuldade em trabalhar com
o tema “futebol” tendo em vista que acreditava que, muitas vezes, o mesmo era
utilizado como forma de desviar a atenção da população dos reais problemas
sociais, numa verdadeira “política de pão e circo”.
A
Coordenadora Pedagógica, no entanto, defendeu a ideia, apresentando argumentos
e justificativas, acabando por convencer o grupo.
O
pontapé inicial se deu com a leitura do Livro “Onde Estamos?”, seguida de
discussões e registros, com as crianças, de suas hipóteses sobre:
- o que
é o mundo?
- o que
é a Copa do Mundo?
As
crianças foram convidadas a construir uma maquete da comunidade. Foi construído
um “morro” de jornal. Para contextualizar e situar a comunidade, foi retratado
também, uma parte do bairro Estácio. As crianças participavam a todo o momento,
sendo motivadas a identificarem lugares que conheciam, como a estação do metrô,
o prédio da Prefeitura, a quadra da escola de samba Estácio de Sá, o ponto de
kombis e das motos, o supermercado, a padaria.
Depois
de pronta, as crianças foram convidadas a localizar suas casas, os comércios e
os lugares de armazenamento de lixo. Temas como a importância de não jogar lixo
nas encostas, andar na calçada e entre outros foram abordados.
Percebe-se
que o projeto partia da realidade local, dos saberes de cada um, para algo mais
amplo e abstrato. Procurando levar as crianças a se reconhecerem como
indivíduos, com histórias e culturas próprias, elas passaram a se identificar
pelas diferenças com outras culturas e saberes.
Nesse
sentido, Canem e Moreira (2001) conclui:
“Em primeiro lugar, parece necessário que o trabalho curricular procure
articular a pluralidade cultural mais ampla da sociedade à pluralidade de
identidades presente no contexto concreto da sala de aula. (...) Vale envidar
esforços para engajar docentes e discentes no exame da inserção de suas
identidades culturais nesse quadro mais amplo, analisando desigualdades, os
silêncios e as exclusões nele presentes.” (p.31)
As
turmas da escola trabalharam, a critério de cada uma, em diferentes frentes,
sempre de maneira interdisciplinar e comparativa com aspectos da comunidade, de
modo a valorizar a cultura local.
Foram
trabalhados aspectos importantes das nações que disputariam a Copa do Mundo,
como bandeiras, vestuário típico e alimentação. Foram confeccionadas roupas
para o tão aguardado dia em que ocorreria a culminância, além de cartazes com o
registro das descobertas.
Após
cinco semanas, ocorreu a culminância do projeto. A comunidade foi convidada a
comparecer à escola e foram preparados alimentos representativos dos países
competidores, como macarronada e aletria, da Itália e Portugal,
respectivamente. Para alguns dos envolvidos, este foi o momento mais
interessante do projeto, tendo em vista que o convite aos responsáveis para
assistirem à exposição dos trabalhos realizados promoveu uma grande interação
com a comunidade.
Muitos
adultos se emocionaram com o clima de união durante a culminância. As crianças,
por sua vez, orgulhavam-se de suas fantasias, admirando-se mutuamente,
divertindo-se com as diferenças.
As
turmas passaram a trabalhar melhor coletivamente. Notou-se uma significativa
diminuição da agressividade e aumento do interesse das crianças pela escrita.
O sentimento
de pertencimento a um mundo, a um país e a uma comunidade se fortaleceu.
Oportuno
trazer à colação as palavras do mestre Paulo Freire (2005), in verbis:
Educação das massas se faz assim, algo absolutamente fundamental entre
nós. Educação que, desvestida da roupagem alienada e alienante, seja uma força
de mudança e de libertação. A opção, por isso, teria de ser também, entre uma
“educação” para a “domesticação”, para a alienação, e uma educação para a
liberdade. “Educação” para o homem-objeto ou educação para o homem-sujeito.”
(p.44)
A autoestima
de toda a comunidade melhorou e a confiança do corpo docente em relação ao seu potencial
de trabalho fez crescer o entusiasmo, trazendo mais qualidade às relações entre
os sujeitos e o conhecimento.
Essa experiência,
tendo por base em especial os seus resultados, com a introdução de uma nova
metodologia de trabalho, coaduna com o magistério de Paulo Freire (2005) que
afirma que “toda escolha da escola e toda
escolha do professor é uma ação política, uma ação político-pedagógica”.
CONCLUSÃO
O
sucesso desta experiência promoveu uma maior integração do grupo de
professores, gestores e demais profissionais da escola. A comunidade passou a
se envolver mais na rotina da escola, apropriando-se dela e contribuindo para
que a mesma desenvolvesse sua função social, promovendo cidadania.
A
escola passou a participar de todos os eventos promovidos pela Secretaria de
Educação. Assim, todos os anos a escola se inscrevia no FECEM e na Mostra de
Dança. A escola passou a ser reconhecida pela Secretaria de Educação como uma
escola que, não obstante os problemas sociais da comunidade onde se encontrava,
contornava as adversidades e fazia bonito.
No ano
de 2007, após várias participações gloriosas, a escola foi considerada destaque
na Mostra de Dança, credenciando-a a apresentar-se em diferentes palcos na
cidade. Como prêmio, além dos tradicionais troféus, a escola foi convidada a
assistir ao espetáculo de balé “O Quebra-nozes” no teatro João Caetano. Outro
presente especial foi a apresentação, exclusiva, na escola, do Grupo Olá,
marcando a despedida da Diretora, que se aposentou naquele ano.
Pertinente
as considerações de Edwards, Gandini, Forman (1995)
“Minha suposição
subjacente é de que os indivíduos não podem apenas se relacionar uns com os
outros acerca de algo. Em outras palavras, os relacionamentos precisam conter o
interesse ou envolvimento mútuo, cujos pretextos e textos proporcionem a
interação adulto/criança.” (p.46)
BIBLIOGRAFIA
BARBOSA, Ely. Onde
estamos? São Paulo: Paulinas, 1994.
CANEM, Ana & MOREIRA,
Antônio Flávio (orgs). Ênfases e omissões no currículo. Campinas: Papirus,
2001.
FREIRE, Paulo. A Educação
como prática de liberdade. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2005.
Parabéns Jaqueline!
quinta-feira, 1 de junho de 2017
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