terça-feira, 30 de dezembro de 2014

FALA,MESTRE! II

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Ariano Suassuna: "Todo professor deve ter um pouco de ator"

Ariano Suassuna: "Todo professor deve ter um pouco de ator"

O escritor e secretário de Cultura de Pernambuco conta como aprendeu a ler e se apaixonou por literatura e diz por que nunca deixou os alunos entediados em 32 anos de magistério

Paulo Araújo (novaescola@fvc.org.br)
Ariano Suassuna. Foto: Eduardo Queiroga
Ariano Suassuna
Ao completar 80 anos no dia 16 de junho, o romancista, dramaturgo e poeta Ariano Suassuna - está cheio de planos. Em janeiro, ele assumiu a Secretaria da Cultura de Pernambuco - seu terceiro cargo público -, prometendo continuar na defesa da cultura popular brasileira, que apóia como poucos.

Dessa vez, Ariano se empenha para colocar em prática o projeto batizado de A Onça Malhada, a Favela e o Arraial. Trata-se de uma iniciativa que vai levar para os quatro cantos do estado (das periferias das cidades aos rincões do sertão) suas célebres aulas-espetáculo, palestras que há anos fascinam os brasileiros. Se o escritor já lota os auditórios por onde passa, agora ele pretende convidar o povo simples, "do Brasil real", para o escutar embaixo de uma lona de circo, acompanhado de bailarinos e músicos. "Sou um pouco ator, como todo professor deve ser", justifica o "pai" de Chicó e João Grilo, personagens de sua mais célebre obra, o Auto da Compadecida.

Formado em direito e filosofia, ele lecionou durante 32 anos na Universidade Federal de Pernambuco. Em 1999, assumiu a cadeira de número 32 da Academia Brasileira de Letras e, em 2002, foi homenageado pela escola de samba carioca Império Serrano. "Não vi diferença entre as duas honrarias", afirma. Nesta entrevista, concedida à NOVA ESCOLA no seu casarão do século 19, localizado às margens do rio Capiberibe, no Recife, o criador de histórias como O Santo e A Porca, entre tantas outras que têm o Nordeste como inspiração, fala como se tornou um grande leitor e escritor, comenta a situação da Educação brasileira e diz quais são as estratégias que usa para dar boas aulas desde os 17 anos.

Com quantos anos o senhor aprendeu a ler?
Ariano Suassuna Antes de entrar para a escola, aos 7 anos, orientado pela minha mãe e por uma tia, lá no sertão de Taperoá, na Paraíba. Hoje isso é muito raro, pois as mulheres têm de trabalhar fora, não é?

O hábito da leitura vem dessa mesma época?
Suassuna Eu não tenho o hábito da leitura. Eu tenho a paixão da leitura. O livro sempre foi para mim uma fonte de encantamento. Eu leio com prazer, leio com alegria. O meu pai, que perdi aos 3 anos de idade, deixou de herança para nós uma biblioteca fabulosa para os padrões do sertão naquela época. Tinha de tudo. Ibsen, Dostoiévski, Cervantes, Machado de Assis, Euclides da Cunha. Meus tios também viviam comprando livros em Campina Grande para eu ler. Era Eça de Queiroz, Guerra Junqueira e um título do qual me lembro muito, Dodinho, de José Lins do Rego.

Como começou a escrever?
Suassuna Certo dia, eu tive uma prova de Geografia e não sabia nada. Então, resolvi dar as respostas por meio de versos. O professor quis saber quem era aquele aluno e, em vez de me dar uma bronca, me elogiou. Dias depois, ele deu um jeito de publicar no Jornal do Commercio, aqui, do Recife, um de meus poemas que havia mostrado a ele. Em 1947, eu e outro colega fundamos o Teatro do Estudante de Pernambuco, que encenava peças de nossa autoria. Nesse mesmo ano, escrevi Uma Mulher Vestida de Sol e não parei mais.

No que está trabalhando agora?Suassuna Estou concluindo o Romance d’A Pedra do Reino, lançado em 1971. Estou devendo isso aos meus leitores desde 1981.

O senhor usa o computador para escrever?
Suassuna Jamais! Escrevo tudo a mão. Minha letra é muito bonita. Acho que a única função do computador foi aposentar as máquinas de datilografia, que já usei um dia. O meu genro é quem lê os originais e depois passa para o computador.

A popularização de sua obra literária se deve muito à TV. Como ela pode se tornar um aliado do professor no fomento à paixão pela leitura?Suassuna A TV é um meio de comunicação no qual a oralidade predomina. Se o professor escolher boas adaptações, como a que Guel Arraes fez de O Coronel e o Lobisomem, do meu amigo José Cândido de Carvalho, exibir para os alunos e depois facilitar o acesso ao livro, eu duvido que eles não se interessem. Mas é preciso lembrar de fazer o aluno participar da aula, como se fosse um ator!

Essa era sua estratégia em sala de aula quando lecionava?Suassuna Eu sou professor desde os 17 anos. Sempre fui criativo. Uma das coisas de que fazia muita questão é que meus alunos não se entediassem. Acho que todo professor tem de ter alguma coisa de ator, senão ele não terá sucesso. Sendo somente um expositor de idéias, dificilmente ele chamará a atenção dos estudantes.

Como era seu método de avaliação?Suassuna Na universidade, minhas provas não eram difíceis e nunca reprovei por faltas. Eu não queria que os alunos fossem à aula por obrigação. Fazia questão de nunca fazer chamada e também passava trabalhos que estivessem de acordo com o nível de aprendizado deles.

Suas aulas-espetáculo, que já encantaram tantas pessoas Brasil afora, são planejadas?Suassuna Não. Eu tenho um certo dom de improviso e ele nunca me faltou. Uma vez, um colega me provocou por causa disso e eu recorri a uma estrofe de um cantador de repentes que eu conhecia para dar a resposta. Ela diz assim: "Para brigar de tiro e faca/ não sirvo/ não presto não./ Mas solto assim sobre um palco/com um microfone na mão./ Eu sou onça matadeira/ sou tigre bravo e leão". Ele ficou com tanto medo de mim que se encolheu todo.

Hoje muitos professores promovem rodas de conversa com as crianças. O que o senhor pensa dessa prática?Suassuna Acho ótimo! Não tem nada melhor do que desenvolver a oralidade desde cedo. Eu, muito antes de saber ler, já recitava de cor muitos versos de cordel e acompanhava as cantorias de viola em Taperoá, para onde volto sempre. No sertão, a gente fala muito e foi justamente desse falatório todo que tirei inspiração para os meus livros.

O senhor é um crítico ferrenho do chamado "lixo cultural" que os Estados Unidos tentam impor ao resto do mundo. Quando isso começou aqui no Brasil?Suassuna Na época da Segunda Guerra. Natal e Recife se tornaram bases aéreas e navais importantes para os Estados Unidos e se encheram de americanos. Dizem que lá em Natal um sertanejo analfabeto pegou um táxi e foi dar uma volta pela cidade. E aí ele viu uma placa com as expressões "Stop" e "Pare". Sem saber ler, perguntou ao motorista o que significava. Este, já tão colonizado pelos americanos, respondeu: "‘Stop’, que está em cima, significa pare. Embaixo está escrito ‘peire’, mas eu não sei o que significa, não". Quer dizer: o chofer nem sabia mais ler em português. (risos)

Qual sua prioridade na Secretaria de Cultura?Suassuna É o projeto A Onça Malhada, a Favela e o Arraial, que vai percorrer Pernambuco levando dança, teatro, música, canto e literatura ao público. As apresentações acontecerão em um circo itinerante. O nome do projeto, eu explico de trás para a frente. O arraial é uma homenagem a Canudos, o episódio mais significativo da história brasileira. Já a favela é por que lá moram os que também precisam de cultura, como eu e você. Quanto ao fato de a onça ser malhada, trata-se de um mea-culpa que fiz sobre o jeito como classificava o povo brasileiro.

Que jeito era esse?Suassuna Eu tinha aprendido com Euclides da Cunha que nós éramos pardos. Gilberto Freyre, por sua vez, dizia que éramos morenos. Até que no censo de 1980 voltou a pergunta sobre a cor das pessoas. Deu uma polêmica danada. Vieram me ouvir e eu dizia que todo brasileiro era mestiço, influenciado por Sylvio Romero. Quando a dúvida ficou insuportável, só uma frase do padre Vieira me salvou. Ele diz: "Quem quiser acertar em história, em política ou em sociologia deve consultar as entranhas dos sacrificados".

E o que o senhor fez?Suassuna Deixei de ouvir todos e até a mim mesmo e fui consultar o movimento negro do Recife. Me disseram que todos esses termos (pardos, morenos, mestiços) atrapalhavam a vida e eles só queriam ser vistos como negros, simplesmente. Por isso eu passei a não representar mais o povo brasileiro pela onça castanha, a mestiça, e sim pela malhada, aquela que tem as cores misturadas e, de certa forma, representa todas as nossas tonalidades de pele.

Então, ao escrever o Auto da Compadecida, em 1955, o senhor ainda não tinha consciência do problema racial brasileiro?Suassuna Isso mesmo. Tanto que na primeira versão o Cristo era branco. A mudança na cor da pele foi um momento de indignação meu motivado pelo comportamento dos americanos. Tinha visto na revista Life a foto e a notícia de um comício contra a inclusão das primeiras crianças negras nas escolas brancas dos Estados Unidos. Em primeiro plano na foto tinha uma mulher segurando um cartaz que dizia: "Deus foi o primeiro segregacionista ao criar raças diferentes". Atribuir a Deus uma coisa tão odiosa quanto o racismo me deu uma raiva tão grande que na mesma hora mudei o texto e transformei o Cristo num negro.

Qual a diferença entre ter virado imortal da Academia Brasileira de Letras (ABL), em 1999, e ser homenageado pela escola de samba carioca Império Serrano três anos depois?Suassuna Absolutamente nenhuma. Cada uma teve seu lado negativo e positivo. Os rituais da academia são um pouco burocratizados, mas fiquei honrado de pertencer à mesma instituição do meu grande mestre, Euclides da Cunha. Já a escola de samba tem muita coisa massificada. No dia em que recebi o titulo de doutor honoris causa da Univesidade Federal do Rio de Janeiro, a Império Serrano levou para a cerimônia uma parte da bateria, o mestre-sala, a porta-bandeira e uma ala de meninas e outra de baianas velhas, negras e lindas. Esse povo começou a tocar e a dançar em minha homenagem e beijava o estandarte da escola com uma paixão tão grande que pensei: da mesma forma que fui para a posse da Academia eu tenho de ir ao desfile na Marquês de Sapucaí. E foi aquilo...

No seu discurso de posse na ABL, por sinal, o senhor desenganou os pretendentes à sua cadeira dizendo que decidira não morrer nunca. Ao completar 80 anos, essa promessa se mantém?Suassuna Sim. Você ainda vai me entrevistar quando eu tiver 160 anos. Isso se você tomar algumas providências.

Teresa Colomer: "Literatura não é luxo. É a base para a construção de si mesmo" II

Teresa Colomer: "Literatura não é luxo. É a base para a construção de si mesmo"

Coordenadora do Grupo de Pesquisa de Literatura Infantil e Juvenil e de Educação Literária (Gretel), da Universidade Autônoma de Barcelona, fala sobre o ensino de literatura na escola

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Como organizar o ensino da literatura?
TERESA Criando tempos e espaços distintos para que os alunos desfrutem de vários tipos de leitura, de acordo com os objetivos escolares, que são variados. Ensinar hábitos de leitura, por exemplo, é diferente de ensinar aos estudantes conceitos literários que permitirão a eles gozar mais das leituras que fazem.

A leitura autônoma deve ser foco das aulas?
TERESA Sim, é imprescindível que as crianças leiam de forma independente na escola porque nem todas vão fazer isso quando estiverem fora dela. O papel da Educação em relação a essa desigualdade social é muito importante. Para aprender a ler de forma rápida e eficiente, é necessária muita dedicação. Os alunos só conseguem isso com o investimento dos educadores, que precisam ensinar também como escolher o que ler.

Em um estudo do Gretel, os pesquisadores identificaram a categoria leitor mediano, que está entre o competente e o não leitor. Como a escola deve trabalhar com as pessoas desse perfil?
TERESA Estudantes assim classificados têm algum hábito de leitura e leem entre cinco e dez livros por ano. Eles precisam, contudo, alcançar leituras mais elaboradas e diversificadas. São fáceis de ser conquistados, mas podem se tornar leitores fracos se não tratarmos bem deles. O que geralmente ocorre, principalmente nos anos finais do Ensino Fundamental, é que eles acabam se viciando em determinados gêneros e acabarem virando colecionadores. Quando as possibilidades de leitura se esgotam, não sabem o que fazer, desconhecem outras opções. Precisamos, então, observar de que tipo de obra gostam e ampliar o universo leitor deles, relacionando os títulos que já leem a outros, mais desafiadores e mais elaborados, porém, que preservam alguma semelhança com o que já é apreciado. Lembremos de que são leitores medianos, podem se sentir desestimulados diante de uma leitura complexa, por exemplo.

Como o professor pode melhorar a própria formação literária?
TERESA Esse é um problema sério. Pesquisas sobre o que os alunos de Pedagogia e das licenciaturas leram ou leem indicam que essa formação deixa a desejar. Se o educador não conhece os livros não pode formar leitores. Há várias formas de entrar nesse universo: frequentar bibliotecas, trocar indicações com colegas e participar de clubes de leitores nas redes sociais, por exemplo.

O que acha do uso de livros adaptados e resumidos na escola, baseado no argumento de que os estudantes não conseguiriam entender os originais? 
TERESA Não tenho uma opinião contundente. É uma questão complexa. Primeiramente, porque ainda não se fez um debate profundo sobre a qualidade da infinidade de material que está sendo produzido em suportes digitais. Em segundo lugar, porque temos de considerar que há boas adaptações, como a história de Dom Quixote, do espanhol Miguel de Cervantes (1547-1616)assinada por Monteiro Lobato (1882-1948) (Dom Quixote das Crianças, 152 págs., Ed. Globo Livros, tel. 11/3767-7514, 32 reais). Por fim, porque podemos até não sugerir a leitura de adaptações e resumos, mas as pessoas vão acabar em contato com eles de alguma maneira. Nesse momento, acredito que a indicação de leitura e o uso em sala de aula depende do livro. Uns respeitam o argumento do original, por exemplo. Especificamente com esses, os alunos podem aprender, mas não terão contato com a linguagem usada pelo autor, pois o texto foi simplificado. Isso é melhor do que não ler nada? Creio que sim.

Teresa Colomer: "Literatura não é luxo. É a base para a construção de si mesmo"


Teresa Colomer: "Literatura não é luxo. É a base para a construção de si mesmo"

Coordenadora do Grupo de Pesquisa de Literatura Infantil e Juvenil e de Educação Literária (Gretel), da Universidade Autônoma de Barcelona, fala sobre o ensino de literatura na escola

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Teresa Colomer. Foto: Divulgação/Henrique Lenza
Teresa Colomer Doutora em Ciências da Educação e coordenadora do Grupo de Pesquisa de Literatura Infantil e Juvenil e de Educação Literária (Gretel), da Universidade Autônoma de Barcelona (UAB), na Espanha
Literatura é um conteúdo que precisa ser ensinado nas escolas porque possibilita refletir sobre o mundo, criar realidades, ampliar o repertório de linguagem e formar comunidades que se identificam com um determinado conjunto de obras, entre outras habilidades. É o que defende a espanhola Teresa Colomer, justificando a importância de relacionar leitura, literatura infantil e juvenil e formação literária na sala de aula.

Para ela, um dos aspectos do fracasso do estímulo à leitura que mais chamam a atenção tem a ver com a aprendizagem escolar. Ler e escrever são as primeiras tarefas em que as crianças podem não alcançar o que se espera delas. Então, criam defesas, passam a dizer "eu não gosto de ler", na tentativa de se preservar.

Autora de Andar entre Livros - A Leitura Literária na Escola (208 págs., Ed. Global, tel. 11/3277-7999, 42 reais) e Formação do Leitor Literário: A Narrativa Infantil e Juvenil Atual (456 págs., Ed. Global, edição esgotada), Teresa palestrou no evento Conversas ao Pé da Página, promovido pelo Sesc São Paulo, pelo Centro de Estudos em Leitura, Literatura e Juventude A Cor da Letra e pela revista digital independente Emília.
Como definir o que é um leitor literário competente?
TERESA COLOMER É qualquer pessoa que pode desfrutar da literatura lendo. Todos os que completaram a escolaridade obrigatória ou estão nela deveriam ter competência mínima nessa área. Se depois de adultos não quiserem ler, é uma escolha deles. Mas ninguém tem condições de tomar essa decisão se não conhece suficientemente esse universo.

Que competências a escola precisa trabalhar para formar leitores literários?
TERESA São muitas as habilidades envolvidas para que se possa ler, compreender e interpretar um texto e relacioná-lo com o mundo cultural. Uma delas tem a ver com rapidez e fluência: quem lê de forma muito lenta não consegue entender o que o texto diz. Outra é saber relacionar as informações que aparecem na obra. Também é preciso ensinar os alunos a se movimentar no mundo da cultura e da língua literária. Isso implica saber como funcionam as bibliotecas - incluindo o que fazer para encontrar uma obra nas estantes -, que os livros são vendidos nas livrarias, que existem títulos traduzidos e que faz diferença saber quem traduziu, pois o texto lido pode não ser fiel à obra original.

Ler literatura de maneira satisfatória impacta na formação de um bom escritor?
TERESA Acredito que ninguém pode escrever literatura se não lê. É como quem se propõe a tocar música sem ter ouvido várias. Ao ler, temos condições de aprender como funciona a linguagem escrita, os modelos narrativos, as vozes dos personagens. Quem não é leitor pode até escrever como se fala, limitando-se aos modelos orais, mas não outros registros literários intencionalmente mais elaborados. Por isso, a prática da leitura tem tanta importância na escola.

Quais as funções da literatura?
TERESA São muitas, entre elas apresentar outras perspectivas, permitir ao leitor se colocar na pele de outras pessoas e ver o mundo com distintos olhos. Ela também está relacionada à fantasia, à fabulação, que é uma necessidade humana, e por isso inventamos histórias desde sempre. E mais: a literatura constrói comunidades ao reunir pessoas que têm os mesmos referenciais, gostam dos mesmos personagens e das linguagens. Graças à poesia, por exemplo, lutamos com a nossa incapacidade de expressar tudo o que sentimos. Ela é o laboratório da língua e, tal qual as artes plásticas e a música, gera prazer.

Ampliar o vocabulário é outra função da literatura?
TERESA Certamente. No cotidiano, usamos um conjunto restrito de palavras que aprendemos oralmente. Além dele, toda linguagem a mais é aprendida por meio de textos escritos. Se uma criança não lê, não progride nessa aprendizagem e tende a ser alguém que se porta de maneira muito frágil no mundo, pois não domina os discursos, pelo contrário, é dominado pela fala alheia. Ter um amplo repertório ainda é importante para saber o que sente e o que pensa e dialogar com os demais. Literatura não é luxo. É a base para a construção de si mesmo.